O que é a Ressecção Mucosa Endoscópica?

A Ressecção Mucosa Endoscópica é uma técnica endoscópica que permite a remoção de lesões gastrointestinais presentes nas camadas superficiais da parede do tubo digestivo (camada mucosa e parte da submucosa). Principalmente em lesões até 15-20mm, esta técnica permite a remoção completa, em segurança e em bloco (num só fragmento), evitando-se o recurso a cirurgia nestes casos. O procedimento é curativo quando são satisfeitos dois critérios:

  1. a lesão é superficial, ou seja, limitado à camada mucosa e parte da submucosa
  2. as margens de ressecção estão livres de tumor
  3. a análise da lesão revela que esta é uma neoplasia bem diferenciada

Para lesões maiores ou mais profundas pode-se usar uma outra técnica chamada remoção endoscópica por dissecção da submucosa.

Em que diferem a Ressecção Mucosa Endoscópica e a polipectomia?

O plano de ressecção da Ressecção Mucosa Endoscópica é mais profundo do que o de polipectomia e a área ressecada é mais extensa. Enquanto que Pólipos são facilmente removidos pela aplicação simples de uma ansa diatérmica standard, muitas lesões neoplásicas requerem acessórios e técnicas especiais para conseguir um plano mais profundo e uma ressecção suficientemente larga.

Como é realizada a Ressecção Mucosa Endoscópica?

Vários acessórios e técnicas são utilizadas. Na Ressecção Mucosa Endoscópica são usadas ansas diatérmicas de material mais denso e resistente. O plano de ressecção mais profundo é conseguido através de endoscopia com sucção e injeção de solução salina para elevar a lesão. Pode ser usado um dispositivo transparente, adaptado à extremidade do Endoscópio para melhorar o poder de elevação e de sucção. Pode também ser realizada com ligadura elástica (em que se forma um pseudopolipo pela aplicação de um elástico). A Ressecção Mucosa Endoscópica permite em muitos casos, a ressecção de uma área de superfície ampla, assegurando remoção completa da lesão.

Quais as possíveis desvantagens desta técnica?

Em lesões grandes esta técnica pode são ser suficiente para remoção completa num único fragmento. Isto pode associar-se a aumento do risco de crescimento da lesão na área da cicatriz (ver dissecção submucosa).

Este procedimento pode estar associado a perfuração (em cerca de 1-2% dos casos) e hemorragia (cerca de 5% dos casos). As perfurações poderão ser tratadas durante a endoscopia. No entanto, alguns doentes necessitam de cirurgia para tratamento da perfuração. As hemorragias são normalmente moderadas, sendo a transfusão de sangue necessária em poucos casos. Em menos de 1% das Ressecções Mucosas Endoscópicas pode ser necessário realizar cirurgia para parar a hemorragia.

Se tiver dúvidas fale com o seu gastrenterologista para uma descrição mais completa.

Figura 1. Neoplasia do colon.

Figuras 2. Injeção na submucosa de adrenalina diluída e azul de metileno usando uma agulha.

Figuras 3. Injeção na submucosa de adrenalina diluída e azul de metileno usando uma agulha.

Figura 4. Aplicação de corrente Endocut através de ansa diatérmica.

Figura 5. Escara pós Ressecção Mucosa Endoscópica, livre de neoplasia.

Texto e imagens retirados do website da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva – SPED.