O que é vesícula biliar?

A vesícula biliar é um orgão de formato sacular (bolsa), localizada sob o fígado e que se comunica com o canal hepático principal (a via biliar comum) por um canal próprio chamado ducto cístico. Na vesícula biliar, a bile que é produzida no fígado, se concentra no intervalo das refeições sendo liberada para o duodeno logo após a ingestão do alimento, principalmente as gorduras.

O que são cálculos (pedras) da vesícula biliar? Por que se formam?

A bile tem três componentes básicos : bilirrubina, sais biliares e colesterol. A bilirrubina é um pigmento derivado da destruição dos glóbulos vermelhos do sangue, efetuada no baço. Através da circulação, é levada para o fígado que a elimina pelos canais biliares; ela dá cor à bile. O fígado produz os sais biliares que são importantes no processo de digestão dos alimentos , especialmente das gorduras. O colesterol é eliminado pelo fígado, através da bile. Há um equilibrio físico-químico entre essas três substâncias que mantêm a bile em estado líquido. A perda deste equilíbrio provoca precipitação de seus componentes, dando origem aos cálculos (pedras).

Quais são as conseqüências da formação dos cálculos?

Os cálculos (pedras) biliares podem permanecer silenciosos durante anos ou se manifestarem a qualquer momento. Quando um cálculo da vesícula biliar se movimenta e obstrui o ducto cístico, seu canal de drenagem para o ducto hepático, provoca contração da parede da vesícula que se traduz por dor em cólica. É a chamada cólica biliar. Quando o cálculo se encrava no ducto cístico, impedindo a passagem de bile, esta é retida na vesícula e desencadeia um processo inflamatório e infeccioso agudo que se chama colecistite aguda.

A colecistite aguda pode regredir ou não. Quando for persistente, vai se comportar como um abscesso local. Pode romper, ficando bloqueada sob o fígado ou romper para dentro do abdômen provocando peritonite aguda. Quando um cálculo sai da vesícula biliar e progride para o canal hepático obstruindo esse canal, a bile não passa para o intestino e reflui através das células hepáticas para a corrente circulatória. A bilirrubina refluída para o sangue provoca uma cor amarelada típica de pele chamada de icterícia. Essa bile retida pode infectar, provocando doença grave designada colangite aguda. Além disso, a obstrução do colédoco pelo cálculo pode desencadear a pancreatite biliar, complicação considerada muito grave.

Como devem ser tratados os cálculos de vesícula biliar?

A doença da vesícula biliar é de tratamento cirúrgico. A vesícula é o órgão doente e a fonte produtora dos cálculos e se não for retirada continuará a produzi-los com um grande potencial de complicações.

A remoção da vesícula biliar chama-se Colecistectomia. Ela pode ser feita pela Técnica Convencional ou pela técnica Videolaparoscópica.

Na Convencional é realizada uma incisão de aproximadamente 20 cm logo abaixo do gradeado costal no lado direito do abdômen e após a abertura de todas as camadas musculares o cirurgião identifica e retira o órgão. Tem como principal incoveniente a dor.

Felizmente no final dos anos 80 uma nova técnica foi desenvolvida. Trata-se da Cirurgia por Videolaparoscopia ( tambem conhecida como cirurgia dos furinhos ou laser) , uma técnica em que o cirurgião realiza 4 pequenas incisões (que variam de 0,5 a 1,0 cm).

Através delas introduz os instrumentos cirúrgicos e uma micro câmera de TV que amplia a imagem em 20 vezes. A internação é de 24 horas e após uma semana o paciente está apto a exercer suas atividades normais.

Como as incisões são mínimas e a agressão cirúrgica muito menor a dor no pós operatório é infinitamente menor quando comparada à convencional, fazendo com que o paciente tenha condições de retornar ao trabalho e as atividades físicas muito mais rapidamente.

A vesícula é fundamental para o organismo?

Não. Quando a vesícula biliar deixa de funcionar por doença ou é extraída cirurgicamente, os canais biliares intra e extra-hepáticos dilatam para conter mais bile. Sem a vesícula, embora menor, a qualidade de bile é suficiente para desempenhar sua função digestiva.